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segunda-feira, 9 de abril de 2018

Melhores Poemas - Florbela Espanca

Resenha por: Vitória Bueno
Nota: 10,0 - 10,0
Livro: Melhores Poemas - Florbela Espanca
Autora: Florbela Espanca
Número de páginas: 192
Editora: Global





Resenha: Já faz algum tempo que eu quero ler algo de Florbela Espanca. Conheci a poesia dela através do soneto "Fanatismo", que é provavelmente meu favorito dela, e me apaixonei perdidamente. Em seus poemas ela exprime muito do que eu própria penso, em meus momentos mais melancólicos, claro rsrs, e também um pouco do que eu sou. E por isso fiquei muito feliz pela parceria da Global, um grupo editorial incrível que disponibilizou uma cópia dos Melhores Poemas de Florbela Espanca para que eu trouxesse essa super dica para vocês!

Fanatismo

Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver.
Não és sequer razão do meu viver
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No mist'rioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!...

"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!..."


Bom, quero começar falando um pouco sobre a edição da Global Editora. Ela foi publicada em 2005 e conta com uma maravilhosa apresentação antes dos poemas propriamente ditos que vai contextualizar o leitor a respeito da vida e obra da autora e eu achei isso muito legal! É um texto que vai servir de apoio para entender melhor os temas dos poemas, além, é claro, de falar sobre a autora e sobre as pessoas que faziam parte da vida dela. Gostei bastante!

O livro é dividido por 8 partes, onde estão dispostos os livros em que foram primeiramente publicados os poemas.

A respeito da autora, Florbela Espanca que nasceu em 8 de dezembro de 1894, foi fruto de um inconveniente relacionamento fora do casamento. Seu pai, João Maria Espanca, por ter uma esposa estéril, a convence da necessidade de ele ter uma amante que lhe dê um filho. Mais tarde, Florbela ganha um irmão, que é chamado de Apeles.

Desde cedo a autora se envolve em uma série de relacionamentos conturbados. Casou-se 3 vezes e seus casamentos foram muitas vezes escandalosos.

Em 1927 sofre uma grande perda, que muito a abala. Seu irmão Apeles, aspirante a piloto, morre durante um de seus treinos.


(...) Viver é não saber que se vive. Procurar o sentido da vida, sem mesmo saber se algum sentido tem (...) - Florbela Espanca, Diário do último ano.


O conjunto de suas paixões, intrigas, sofrimento e dor, é muitas vezes refletido em sua obra, através de reflexões ácidas e pessimistas, enfatizando um turbilhão de sentimentos, tais como o medo e a frustração, além do frequente confronto entre o sonho e a realidade e a sempre inútil procura da felicidade através do amor.
Sua obra poética, é bem difícil de classificar, sendo modernista, romântica, e ao mesmo tempo clássica pelo indiscutível primor da forma de seus sonetos, sendo comparada com a poesia de Camões.

Florbela, uma das mais importantes figuras femininas da literatura portuguesa, morre em 1930, no dia de seu aniversário, por suicídio, deixando uma belíssima obra, que nos permite refletir a respeito de sua personalidade, a personalidade de uma mulher à frente de seu tempo, que transpõe através de sua obra, o feminino, o sensual, o erótico, e principalmente, o humano.

Livro recomendadíssimo! Não há nenhum porém! A poesia de Florbela Espanca ecoou em minha cabeça muitos dias depois de eu ter terminado o livro, e ainda ecoa. Tenho certeza de que vou ter esses poemas sempre comigo, além de ter certeza de que vou estar sempre relendo a obra poética dessa autora.


"E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!"
(Lágrimas ocultas)



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