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quinta-feira, 19 de julho de 2018

Vermelho Amargo - Bartolomeu Campos de Queirós

Resenha por: Vitória Bueno
Nota: 10,0 - 10,0
Livro: Vermelho Amargo
Autor: Bartolomeu Campos de Queirós
Número de páginas: 74
Editora: Global




Resenha: Gente, que história densa. Realmente devastadora! Contada em forma de prosa poética, ela vai despir principalmente a dor da perda, além de escancarar de forma sensível a busca incansável pelo afeto e pelo amor. 

Disposto de forma corrida, o texto é curto e não possui capítulos, mas isso não faz com que ele seja fácil de engolir! Ele transporta o leitor de volta para a infância. Deste modo, há momentos de nostalgia, mas há outros que são bem dolorosos, em que é difícil não deixar lágrimas rolarem. 

Narrado em primeira pessoa, de uma forma não convencional, sem diálogos, apenas uma espécie de monólogo, Vermelho Amargo deixa marcas em nossa mente, marcas estas, difíceis de esquecer. O autor vai, de forma autobiográfica revisitar sua infância marcada pela ausência da mãe através de uma sucessão de memórias, contando assim, como foi ver seus irmãos partirem enquanto ficava mais e mais preso a um pai dominado pelo álcool e a uma madrasta fria e desatenta das necessidades do enteado. 

"Foi preciso deitar o vermelho sobre papel branco para bem aliviar seu amargor." (p. 5)

Como sempre, a edição da Global Editora não deixa a desejar. Possui um projeto gráfico todo diferente, que é um grande complemento para a própria história. Com capa e diagramação toda vermelha, a edição remete, a cada página, de forma visual a temática do livro.

Primeiramente publicado pela Editora Cosac Naify, Vermelho Amargo é agora relançado pela Global e continua com o mesmo tratamento da finada editora.

Bom, livro super recomendado! Nem sei o que dizer dessa leitura repleta de metáforas e de reflexões. Realmente de tirar o fôlego.  Com certeza vou ler mais obras do autor, que por sinal, é um premiadíssimo autor de livros infantis e infanto-juvenis.


"Matriculado na escola me vi diante de imenso oceano. Para vencê-lo, só com muitas palavras. Na margem - entre rendas de areias - as palavras eram meu barco. Com elas atravessaria as ondas, venceria as calmarias, aportaria em outras terras. Se era meu barco, eram também meus remos. Com elas cortava as águas, flutuava sobre marés e me via poesia." (p. 61)

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