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quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Versos de Imprecação contra o Mundo - Clayton de Souza & Witalo Lopes

Resenha por: Vitória Bueno
Nota: 8,5 - 10,0
Livro: Versos de Imprecação contra o Mundo
Autores: Clayton de Souza & Witalo Lopes
Número de páginas: 128
Editora: Penalux



Resenha: Versos de Imprecação contra o Mundo possui uma interessante composição: é um livro de poemas escrito por dois autores. Isso tinha muitas chances de dar muito errado? Óbvio! Mas deu muito certo! E o resultado foi uma deliciosa unidade de escrita.

Não temos neste livro uma só estrutura de poema. O que temos aqui são poemas narrativos, longos, curtos, com características orais, poemas concretos, sonetos etc. Os autores brincaram bastante com o universo poético.

O livro é dividido em 4 partes.

A primeira tem como nome O mundo e vai se tratar abrangentemente da alma humana. De sua podridão, de seus desejos, frustrações e erros.

Começo pelo fim – não de outro jeito –
Tentando então buscar algum sentido
De cabeça para baixo e com defeito
Porque já vejo torto e invertido
Do todo: o mundo; da parte: o sujeito
Todo mundo num mundo corrompido 
(A)
       Versão
(In)
A segunda parte recebe o nome de Nos contornos de Eva e vai colocar em pauta a figura feminina. Vai falar de sua beleza e de seus “dons” enquanto mulher. Em muitos momentos, vai colocar em evidência a visão preconceituosa que muitas vezes recai sobre ela.

O que diz tua conduta? Puta
O que vem de ti propício? Vício
Falta o quê que o mundo aponha? Vergonha 
Autopsicografia de um epílogo
A terceira parte chama-se Cronos e vai falar sobre o tempo. Sobre como este discorre, nunca parando, sempre em frente, deixando tudo o que não o alcança para trás. Fala sobre a perda de momentos, sobre não aproveitar as coisas ao máximo. Achei interessante que, em certos momentos, os autores escreveram usando uma linguagem bem típica do universo da teoria musical. Deste modo, acabei associando esta parte do livro com a música. A música que precisa seguir um tempo, um pulso, um ritmo, assim como a vida segue o tempo, o cronos.

No compasso do tempo:
Sete dias de criação,
Sete anos de Labão,
Sete notas para cada dia da semana.
Dissonante
A última parte do livro recebe o nome de O Gigante, e é um grito! Uma crítica pesada ao Brasil, desde sua colonização. Uma crítica ao ser humano. Às suas podres ações!

– Minha terra tem palmeiras?
– Nem mais terra cá não há
– Mas os pássaros gorjeiam?
– Se não podem nem voar?
O choro dos exilados
Fica a dica para vocês, de um livrasso de muitíssima qualidade!






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